DISCURSO DE POSSE ACADEMIA MARANHENSE DE MEDICINA
- Drª. Márcia da Silva Sousa
- 2 de fev.
- 11 min de leitura
Drª. Márcia da Silva Sousa
CRM MA – 2737
Excelentíssimo Senhor Presidente em exercício da Academia
Maranhense de Medicina, Acadêmico Aldir Penha da Costa Ferreira;
Passo aos cumprimentos, cumprindo o que é a forma regulamentar, e
com imensa satisfação, através de vosso nome, cumprimento aos
ilustres componentes desta mesa.
Cumprimento (autoridades), a cuja presença agradeço.
Meus confrades, minhas confreiras;
Professores e colegas;
Queridos familiares e amigos;
Senhoras e senhores;
Hoje nesta reunião, neste recinto solene, perante os senhores
acadêmicos, na presença de outras ilustres figuras da Medicina, de
autoridades, de companheiros de trabalho, de amigos e de minha família,
sou empossada como Membro Titular da Academia Maranhense de
Medicina. Recebo esta honraria, envaidecida, profundamente gratificada,
mas perfeitamente consciente da responsabilidade e do que representa
ser membro desta instituição.
Senhor presidente, sinto-me pequena perante a grandeza de quem
me antecedeu. Trata-se de formidável história de vida. O desfecho, todos
sabemos. Foi numa madrugada que descortinou um dia em que o sol,
apagado, refletia a própria tristeza e a medicina chorou… Mas viagem é
bela e não faz falta que eu lhes diga como começou.
Maria Augusta Brahuna Alvim, nasceu ornada de todos os
significados de seu nome. Era Augusta! A pequena estatura contrastava
a nobreza imensurável daquele ser humano. Augusta e obstinada,
Augusta e doce, Augusta e dedicada. Médica e professora nata, no afã
de transmitir seus conhecimentos, conseguia ir muito além. Mais que a
teoria e para além da prática, era a mestra inspiradora de seus
aprendizes. Discorria com maestria, capturando-nos o olhar atento e só
após esgotar tantos e outros recursos, acrescentava que se tempo
houvera, muito mais teríamos a ouvir de seu saber. Elegante, acreditava
profundamente na força da polidez como forma de aparar as diferenças e
valorizar o humano. Desconheço palavra que descreva o privilégio de ter
sido, uma sua aprendiz e sinto permanente a aspiração estudantil de
querer, quando crescer, ser como ela. Há os que nascem médicos e há
os que se tornam, isto o proceder revela e o tempo distingue. Ela brilhava
entre os primeiros.
Natural de Pastos Bons, nasceu a 05 de fevereiro de 1942.
Cresceu sob a proteção e cuidados de seus pais, Cleonizard Brahuna e
Joana Coelho Torres Brahuna, e no convívio com os irmãos, parentes e
amigos. Menina viva e inteligente, aos 5 anos já lia e escrevia.
Estudou o primário na Escola Municipal Dr. José Neiva, onde se
destacava pelos seus conhecimentos de português e aritmética. Note-se
que àquela época, não era comum encontrar uma menina que gostasse
dos números. Mal concluía esta fase, externou aos pais a vontade de
prosseguir seus estudos, pois pretendia cursar medicina e voltar para
cuidar das crianças de sua terra. Aos 10 anos foi estudar no curso
ginasial do Colégio Santa Teresinha, em Floriano-PI, levada por seu pai.
Aplicada, lá também demonstrou seus conhecimentos em português,
matemática e em latim. A baixa estatura obrigava-a a subir em um
banquinho para resolver os problemas no quadro negro, mas nada a
desestimulava. Obstinada, seguiu adiante e laureada como a primeira
aluna do colégio, viajou para São Luís em 1958, aos 16 anos, para fazer
o científico e se preparar para o vestibular da Faculdade de Ciências
Médicas do Maranhão.
Nessa mesma época, seu futuro esposo, Aymoré Alvim (que me
honrou com suas palavras), deixara o Seminário de Santo Antônio e
buscava colégio para cursar o científico e também se habilitar ao
vestibular de medicina. Foi assim que se encontraram no Colégio São
Luís. Moça linda, graciosa e meiga, porém, muito séria, logo chamou
atenção e o rapaz imaginava jeito de se aproximar. Tornaram-se amigos
e passaram a estudar juntos na Biblioteca Pública Benedito Leite. Disse-
lhe que não sabia Física e ela se prontificou a ensiná-lo. Num belo fim de
tarde, final de dezembro de 1960, ao descerem as escadarias da
Biblioteca, ele encheu-se de coragem virou o rosto para outro lado e
agarrou-lhe a mão. Com o coração disparado, aguardou a reação que
não veio. A dúvida, se havia sido aceito ou fora apenas uma
consideração ao amigo, durou até o dia seguinte. Iniciaram, então, uma
relação de afeto com a qual atravessariam os seis anos do curso e mais
dois de pós-graduação. Em fevereiro de 1970 casaram-se em Pastos
Bons. Três filhos: Aymoré Filho, Augusto José e Bruno enriqueceram sua
casa, enchendo-a de muita alegria, aumentando-lhes a felicidade. Nesse
mesmo ano, por concurso público, ingressaram juntos na docência do
curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão.
Enquanto estudante de medicina, não fugiu ao habitual e foi aluna
exemplar. Dedicada, buscou estágio voluntário extracurricular na
Maternidade Benedito Leite, no setor de pediatria do Hospital Dr.
Juvêncio Mattos e no Pronto Socorro Municipal de São Luís entre os
anos de 1963 e 1966.
Imediatamente após sua graduação, foi admitida na Residência em
Pediatria no Hospital Infantil da Cruz Vermelha Brasileira em São Paulo,
concluindo esta especialização em 1969. Incansável, buscou
especializar-se também em Formação Didático-Pedagógica, em Doenças
Infecciosas, fez Treinamento de Executivos Hospitalares (o que se
conhece hoje por Gestão Hospitalar), treinamento em Medicina Tropical
(USP) e em Patologia Tropical (UFMA), além do treinamento em
Diagnóstico, Tratamento e Profilaxia da Bilharziose e Filariose pelo
Instituto de Medicina Tropical em Berlin na Alemanha Ocidental no ano
de1986. Não havia, para ela, conhecimento bastante frente ao seu
desvelo em melhorar a vida do próximo.
Como docente, a Professora Maria Augusta construiu brilhante
carreira na Faculdade de Medicina da Fundação Universidade do
Maranhão onde ingressou em 1970, aprovada em primeiro lugar como
professora Auxiliar de Ensino na disciplina de Doenças Tropicais e
Infecciosas. Progrediu para Professora Assistente I na disciplina de
Doenças Infecciosas e Parasitárias do Departamento de Patologia,
seguindo para Professora Adjunto I e Professora Adjunto IV nesta
mesma disciplina. Continuou sua progressão acadêmica para Professora
Adjunto IV – DE, relotada no Departamento de Medicina III, na disciplina
de Pediatria com exercício no Hospital Universitário em 1995, ano em
que concluí residência naquele mesmo hospital e iniciava minha carreira
com médica da UFMA, o que me permitia reencontrá-la habitualmente,
sempre recebendo um cumprimento emoldurado por seu belo sorriso e
uma repreensão por ter cortado as tranças que usava quando estudante.
Na assistência, encantava-nos especialmente o cuidado
meticuloso com seus pacientes e o tratar respeitoso e ético com a equipe
de trabalho. “Nada mais que a obrigação de todos”, dizia-nos, sem
permitir que Narciso a contaminasse com vaidades vãs. Atuou, destarte,
como médica do Hospital Dr. Juvêncio Mattos, do Instituto Nacional de
Previdência Social (INAMPS) lotada no Hospital Presidente Dutra no
Setor de Pediatria e Berçário, e como plantonista do Pronto Socorro
Municipal de São Luís com exercício no Pronto Socorro do Caratatiua.
Na gestão, exerceu os cargos de Diretora Substituta da Divisão
Médico-Assistencial do Hospital Materno Infantil e Secretária do Centro
de Estudos do Hospital Presidente Dutra. Foi Chefe de Clínica Pediátrica
e Assessora Técnica da Diretoria no Hospital Materno Infantil para
implantação do Serviço de documentação Científica, permanecendo
como Chefe do Serviço de Documentação Científica do Hospital Materno
Infantil. Foi Assistente da Direção Geral do Hospital Universitário,
Supervisora do Estágio de Residentes em Pediatria do Hospital
Universitário na área de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) em
1989, Diretora Adjunta de Serviços Assistenciais do Hospital Universitário
e Chefe Substituta do Departamento de Medicina III/CCS/UFMA. Foi
Chefe da Divisão Médica do Hospital Universitário, cargo que atualmente
exerço, seguindo os passos de minha mestra.
Cumpre destacar sua atuação como Preceptora da Residência
Médica em Pediatria do Hospital Universitário e de monitores da
disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias. Coordenou o Programa
Interinstitucional de Iniciação Científica entre CNPq e UFMA, orientando
bolsistas nesta área, sempre advogando a pesquisa científica como parte
imprescindível da formação médica. Foi Membro da Comissão de
Reavaliação de Residência Médica em Pediatria e coordenadora do
Estágio de Pediatria do Hospital Universitário. Coordenou o Curso de
Especialização em Patologia Tropical e diversos Projetos de Pesquisa e
de Extensão Universitária, desenvolvidos na área da Parasitologia e
Medicina Tropical. Era regularmente requisitada para orientar
monografias de conclusão do Curso de Medicina, sendo absolutamente
acessível a quem dela solicitasse do saber ao conhecer.
Examinadora meticulosa, foi membro de Bancas de Concurso para
Docentes e de defesa de Monografias de conclusão de Curso, além de
membro de Comitês Assessores de Ciências da Vida e da Saúde –
Convênio entre UFMA e CNPq. Sua competência em todas as áreas de
seu conhecimento, conferiu-lhe aval para atuar como brilhante
conferencista, expositora e palestrante em Mesas Redondas, Painéis,
Cursos e Seminários, em eventos científicos locais e nacionais. Por
todas estas razões e por todos os predicados que acumulou ao longo de
uma carreira irrepreensível, foi nomeada Conselheira Titular do Conselho
Municipal de Saúde de São Luís como representante da UFMA, sendo
empossada pelo Sr. Prefeito Municipal em 6 de novembro de 1977.
As Sociedades Médicas de sua área de atuação, encontraram em
Maria Augusta, força atuante e obstinada. Profundamente participativa,
foi Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Pediatria no Rio de
Janeiro, da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Maranhão, da
Sociedade de Pediatria e Puericultura do Maranhão, da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical no Rio de Janeiro, da Sociedade
Brasileira de Parasitologia no Rio de Janeiro. É Membro Fundador da
Sociedade Brasileira de Infectologia de Natal e da Sociedade de
Parasitologia e Doenças Tropicais do Maranhão. É Sócia Fundadora da
Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA e da
Fundação Josué Montelo. Foi Sócia da Associação Brasileira de
Educação Médica (ABEM) e Sócia Efetiva da Sociedade Brasileira de
Médicos Escritores (SOBRAMES), onde exerceu o cargo de Diretora
Vogal da Regional do Maranhão, eleita para o biênio 1980/1981 e cuja
presidência atualmente exerço em outra feliz coincidência de nossa
trajetória.
Por todos os esforços depreendidos e relevantes serviços
prestados à ciência e à Medicina, Maria Augusta foi laureada com
Diploma de Sócio Nato do Centro de Estudos do Hospital Infantil da Cruz
Vermelha Brasileira em São Paulo no ano de 1969. Recebeu Menção
Honrosa do Governo do Estado do Maranhão e do Sr. Secretário de
Estado da Administração, Recursos Humanos e Previdência, em 1994.
Recebeu Menção Honrosa da Diretoria do Hospital Universitário pela
implantação e coordenação do Serviço de Documentação Científica da
Unidade Materno-Infantil, em 2000.
Toda uma vida dedicada à medicina, traduziu-se também em
importantes publicações científicas. A professora Maria Augusta
desenvolveu estudos sobre as grandes endemias do Maranhão,
esquistossomose, sarampo, leshimaniose, diarréias infantis, controle de
infecção hospitalar, identificação da flora bacteriana em UTIs,
enteroparasitos e comensais intestinais, meningites, ancilostomose e
estrongiloidose. Estes relevantes trabalhos, se tornaram referência
nacional obrigatória. Neles está incutido, além do método científico
apurado, a humanidade desta médica genuína em sua vocação, cuja
sensibilidade permitia observação refinada dos problemas de sua gente.
“O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”,
vaticinou Abel Salazar e nos demonstrou Maria Augusta, com o seu
saber e o seu proceder.
Na UFMA, a professora Maria Augusta reorganizou a disciplina de
Doenças Infecciosas e Parasitárias e introduziu, como uma das
atividades do programa, a pesquisa de campo, o que muito me aprazia e
que propiciou a muitos alunos, seus primeiros trabalhos científicos
apresentados em eventos locais e nacionais. Em 1972, foi a inspiradora
da fundação da Sociedade de Parasitologia e Doenças Tropicais do
Maranhão e seis anos depois, organizou a primeira Jornada de
Parasitologia e Medicina Tropical do Maranhão. No Hospital Materno
Infantil, reorganizou e atualizou o prontuário médico que passou a servir
de modelo a outras instituições locais e para algumas de outros Estados,
que enviavam visitantes em busca destas informações. Reestruturou a
Comissão de Infecção Hospitalar da qual foi presidente.
Em 1986, devido aos trabalhos sobre esquistossomose mansônica
apresentados no Congresso Brasileiro de Parasitologia, no Rio de
Janeiro, em parceria com nosso digníssimo confrade e seu esposo,
Aymoré Alvim, receberam convite do Governo Alemão e foram a Berlim
Ocidental, para um curso-estágio em diagnóstico imunológico de
doenças parasitárias.
Dedicada ao exercício da Pediatria, tinha um desvelo todo especial
aos seus pequenos pacientes. Compartilho um fato curioso que me
relatou o professor Aymoré: Muitas vezes ela chegava até ele e dizia:
“Meu bem, vai comprar esses remédios para um paciente, pois não tem
no Hospital. Traz, também, um carrinho ou uma boneca”, a depender do
sexo da criança. Ao que ele então, lhe respondia: “Meu bem, falta de
remédio é problema do hospital e esse negócio de brinquedo é coisa
para Papai Noel”. A tréplica, então, vinha fulminante: “Se não puderes ir
me diz, porque eu mesma vou”. E ele, sabiamente, respondia: “Não,
senhora! Eu já estou indo”. Era essencialmente solidária com a vida.
Queria-a esplêndida para todos. Possuía a generosidade refletida em
seu olhar e registrada em suas atitudes pessoais, ao longo de sua
esplêndida e coerente biografia. Assim era Maria Augusta Brahuna
Alvim, ornada de todos os significados de seu nome.
Conto-lhes, em retribuição ao que me foi dado conhecer de sua
vida, um fato curioso que protagonizamos: Certa feita, aguardava
cabisbaixa, uma prova prática de entomologia a ser aplicada, pela
também queridíssima e saudosa professora Moema Alvim, durante a
qual teríamos que escolher uma das muitas caixas de madeira que
abrigavam, espetados, insetos de toda sorte e uma vez aberta a caixa-
surpresa, devíamos discorrer sobre filo, subfilo, classe, ordem, família,
gênero, enfim, tudo que se referia àqueles seres. Uma vez escolhida,
não nos era permitido mudar de caixa. Minha patrona passou por mim,
acariciou-me as tranças e seguiu a caminho do laboratório, mas
percebendo a angústia, voltou. Questionada, informei-lhe que havia
estudado tudo, menos as baratas. E tinha certeza que ia escolher a caixa
de baratas. Aquilo ali não consigo nem olhar, quanto mais estudar, disse-
lhe. Ela riu e entrou no laboratório, ao sair anunciou o início das provas e
se foi. O infortúnio me sorriu e escolhi justamente a caixa de baratas!
Paralisada e tentando segurar o choro, já prevendo a nota baixa, não
consegui pronunciar uma palavra, ao que a professora Moema reagiu,
fingindo-se impaciente: “Escolhe outra! Uma fada me contou que tens
alergia a barata…”. E assim, fui bem feliz com os coleópteros! Esta era
Maria Augusta, ornada de todos os significados de seu nome.
Sempre foi uma guerreira. Mas o Senhor entendeu que ela já havia
cumprido a sua missão, que seu companheiro de toda vida estava pronto
para voltar a ser só e a medicina mais triste. E levou a sua e nossa
Augusta. E com a devida licença, reproduzo, se assim me permitir a
emoção, as palavras de seu amado esposo: “Foi numa madrugada igual
a muitas outras, mas foi diferente. Ficou fria, nebulosa e triste. Nesse dia,
não houve aurora. O meu sol se apagou. A minha estrela já não brilhava
mais”. Era primeiro de dezembro de 2006. Quando recebi a notícia, um
turbilhão de boas lembranças me invadiu o pensamento. Custou-me crer
que não a veria mais. A memória insistente nos ameaça com seu
conteúdo abrasador. Um ser irrepreensivelmente civilizado. Que
saudades!
Senhor Presidente, Senhoras Acadêmicas e Senhores
Acadêmicos, durante o caminho que precedeu a minha eleição, ouvi
mais de uma vez que a Academia é o lugar onde vamos envelhecer. Eu
entendo que a Academia seja o lugar onde podemos rejuvenescer, em
função de novos horizontes e do aprendizado constante na troca de
conhecimentos sobretudo com os que nos sucederão, os jovens
aspirantes ao Bastão de Esculápio. Doravante ocuparei a cadeira
número 46 desta egrégia congregação, sendo e eternamente grata aos
acadêmicos que me distinguiram com sua escolha e por me permitirem a
honra de ter Maria Augusta Brahuna Alvim por patrona.
“A arte é longa, a vida é breve”, advertiu-nos Hipócrates. As palavras,
caríssimos, podem sofrer a intervenção dos anos, contudo, não nos
isolam deles. Aquelas palavras, sábias e prudentes, ajustam-se às
urgências do nosso tempo. Cumpre-nos, dedicar de forma intransigente e
integral a dar cobro ao que nos é determinado por esta Academia. A
ética, esta não está em questão: é dever de todos e de cada, não se
transigindo com a sua inobservância. Cumpre-nos sobretudo, prover
vigilância infatigável sobre a evolução responsável e a dignidade da
medicina e da classe médica. Pesa sobre mim, nestes instantes, o aviso
de que responderei, em estreita aliança com os que me dignam ingressar
nesta casa, por este magnânimo dever. A minha disposição, senhoras e
senhores, há de querer ter as mesmas feições de dedicação e
perseverança que é o signo maior dos membros deste egrégio sodalício.
Ninguém chega até aqui sozinho. O caminho é longo e árduo.
Devo muito a muitos. Aos pais e mestres que me mostraram o caminho,
aos colegas e amigos que me acompanharam, aos filhos e alunos que
representaram um estímulo constante na minha trajetória e aos
pacientes, razão de ser da Medicina. Hoje, o expressivo comparecimento
de amigos, autoridades, ilustres colegas e professores que nos honram
com sua presença, certamente reflete não o eventual prestígio desta
novel acadêmica, mas a amizade, o afeto e acima de tudo, o
reconhecimento e a grandeza desta Academia e da Medicina. Percebo
que as conexões que controlam as minhas emoções não foram ainda
totalmente seccionadas ou danificadas. Estou emocionada, o que é
perfeitamente natural. Ingressar na Academia Maranhense de Medicina,
é um feliz momento de minha carreira e, sem dúvida, extraordinário
privilégio.
Encerro louvando a Deus pela vida e aos que me apresentaram às
primeiras letras, conduzindo-me pelo do caminho estudo e da retidão,
cuja herança mantenho, plena de gratidão e orgulho: minha mãe e meu
pai.
Agradeço particularmente a alguns dos membros atuais que, durante
meses, pela amizade que a eles me liga, insistiram incansavelmente para
que me candidatasse.
Ao meu amado companheiro de vida, Waldo Andrade de Matos,
agradeço pelo carinho, pela compreensão e constante assessoria com
nossa casa e filhos, nos períodos em que sou mais ausente.
A Lucas e Tiago, filhos e, portanto, alvos permanentes do meu amor,
cujas ausências me doem, mas justifica-se pelo propósito do estudo a
que ora se dedicam e que orgulha esta mãe.
Aos irmãos de sangue e amigos fraternos.
A todos que tiveram o desprendimento de seu tempo, para alegrar
nossos corações com suas presenças, agradeço sinceramente, a vinda a
esta cerimônia e pela paciência em ouvir-me.
Muito obrigada.
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