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DISCURSO DE SAUDAÇÃO DO PRESIDENTE PROF. DOUTOR JOSÉ MÁRCIO SOARES LEITE AO DR. FRANCISCO DAS CHAGAS MONTEIROJÚNIOR AO SER EMPOSSADO NA CADEIRA Nº35,PATRONEADA POR PEDRO BRAGA FILHO, NA MM.

Saudação aos presentes...

Hoje empossamos neste sodalício, o médico cardiologista, Francisco das

Chagas Monteiro Júnior, que passa a integrar a nossa Confraria, onde já se

encontram os ilustres Confrades e médicos cardiologistas Paulo de Tarso

Brandão, Haroldo Silva e Souza, José Benedito Buhatem, José

Albuquerque de Figueiredo Neto e José Bonifácio Barbosa.


A história da cardiologia está relacionada ao conhecimento da circulação

do sangue. No Egito em 3000 a.C; Na China em 1200 a.C. Na Grécia

nasceu a medicina da observação, onde Hipócrates, o pai da Medicina (em

500 AC), ensinava em Cós que o coração tem cavidades, umas com sangue

escuro e outras vermelho, que entre as cavidades existem válvulas, as

atrioventriculares; Os continuadores de Alexandria marcam avanços

extraordinários no século seguinte. Herófilo põe seu nome na artéria

pulmonar, identifica a sístole e diástole, estuda o pulso e fixa quatro

caracteres fundamentais (frequência, ritmo, amplitude e força), sendo o

primeiro a estudar as arritmias. Um fiel seguidor da medicina grega, no

século II , manteve em Roma a sua tradição: Cláudio Galeno. Em

dissecções em animais descreve a anatomia semelhante à humana. Após

isso, quatorze séculos se passaram, até a vinda de Leonardo da Vinci, que

dissecou trinta cadáveres e descreveu o que vira, descrevendo em desenhos

e notas o pericárdio e endocárdio, válvulas e músculos papilares.

Identificou o coração como uma bomba, na forma de um vaso, feito de

músculo denso, "músculo de força, mais potente que nenhum outro

músculo". No século XVI Andrea Vesalius em seu livro De Humani

Corporis Fabrica, de 1543, é a pedra fundamental da medicina moderna. É

o primeiro tratado de anatomia do homem com dados integralmente obtidos

do cadáver, e não de animais. O livro de Vesalius é o primeiro pilar em que

se sustenta a cardiologia. Um século mais tarde foi a hora de Sir Willian

Harvey, ao descobrir e demonstrar a circulação do sangue no século XVII.

Publicou em 1628 um pequeno livro, Excercitatio Anatomica De Motu

Cordis, onde expõe e prova sua doutrina da circulação de sangue. Por isso é

considerado o pai da fisiologia, como Vesalius o pai da anatomia. Junto aos


grandes anatomistas vieram os primeiros semiólogos, como Heberden, que

fez a descrição magistral da angina de peito e sua ligação ao infarto do

miocárdio. Já no século XIX, século dos grandes clínicos, como René

Theophile Laennec. Ele inventou a auscultação. Sua obra é a invenção do

estetoscópio. Em seu livro, Traité de l"Auscultation Médiate, Laennec

descreve todos os ruidos pulmonares, cardíacos e vasculares da ausculta.

Ainda como contribuição clínica, foi avaliada a medida da pressão arterial

com o esfigmomanômetro de Von Basch, corrigido por Potain, sendo o

primeiro a assinalar a existência da hipertensão arterial.

No Brasil, no início do século XX havia, em Medicina, somente quatro

áreas básicas: Clínica Médica, Obstetrícia, Cirurgia e Pediatria. Na década

de 20, a Cardiologia, em virtude do seu desenvolvimento e complexidade

crescente, separou-se, em definitivo, da Clínica Médica, passando a

constituir especialidade autônoma e bem definida.

Antes disso, porém, obras pioneiras já haviam surgido, inclusive no Brasil.

A primeira foi Moléstias do Coração e dos Grandes Vasos Arteriais, de

Martins Costa e Carlos Alvarenga, publicada em 1898, seguida de Noções

Fundamentais de Cardiologia, de Osvaldo de Oliveira. Começava a

germinar, no Brasil, um crescente interesse pelas doenças do coração.

Em 1909, Carlos Chagas e seus colaboradores, entre eles Gaspar Vianna,

Eurico Villela, Margarino Torres, diagnosticaram a cardiopatia chagásica,

primeiro grande estudo científico de uma doença cardíaca no Brasil, ímpar

e magnífica contribuição para a Cardiologia mundial.

E logo começaram a chegar os primeiros eletrocardiógrafos, entre os quais

o que Carlos Chagas trouxe para Manguinhos.

Em 1943, os alunos do 3.º Curso do Serviço de Cardiologia do Hospital

Municipal de São Paulo, liderados por Dante Pazzanese, fundaram a

"Sociedade Brasileira de Cardiologia", a 5.ª Sociedade Nacional no

Continente Americano e a 13.ª no mundo, que, desde, então, congregou e

conduziu os cardiologistas do Brasil.

 A medicina cardiovascular no País começou a registrar importantes

avanços no fim da década de 1950, no Instituto do Coração (INCOR).

Entre as inovações criadas no instituto estão equipamentos de imagens que

substituem exames invasivos desenvolvimento de vacinas como a que

previne a febre reumática --, e pesquisas com uso de células tronco para

recuperação de tecido cardíaco.


Hoje contamos no Brasil, com o que há de mais moderno no mundo em

tecnologia de ponta para o diagnóstico e tratamento das cardiopatias, como:

a revascularização miocárdica; correção das cardiopatias congênitas;

cirurgias de válvulas cardíacas; correção dos aneurismas e dissecções da

aorta; cirurgia de fibrilação atrial; corações artificiais; implantes de

marcapasso e desfibriladores; transplantes de coração; cirurgia de

revascularização do miocárdio sem o uso da circulação extra-corpórea e

procedimentos minimamente invasivos com o uso de robôs.

A partir de hoje, no entanto Acad. Francisco Monteiro, com seu ingresso

nesta Casa, o Confrade passará a conviver com os dois mundos do Estado

da Arte da Cardiologia: O mundo da ciência médica e o mundo da literatura

e da história da medicina, pois o filósofo Goethe (1749-1832) nos deixou o

legado de que “nada sabe de sua arte aquele que lhe desconhece a história”.

E essa tem sido a missão da Academia Maranhense de Medicina em seus

33 anos de existência. Lutar pela manutenção dos postulados éticos e

médicos da medicina e pela preservação de sua história, reconhecendo os

modernos avanços técnico-científicos, mas valorizando o passado sobre os

quais esses avanços foram erguidos.

Sede bem-vindo à nossa Academia Acad. Francisco das Chagas Monteiro

Júnior. Muito Obrigado!DISCURSO DE SAUDAÇÃO DO PRESIDENTE DA ACADEMIA

MARANHENSE DE MEDICINA PROF. DOUTOR JOSÉ MÁRCIO

SOARES LEITE AO DR. FRANCISCO DAS CHAGAS MONTEIRO

JÚNIOR AO SER EMPOSSADO NA CADEIRA Nº35,

PATRONEADA POR PEDRO BRAGA FILHO, NA ACADEMIA

MARANHENSE DE MEDICINA.

 
 
 

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