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DISCURSO DE SAUDAÇÃO DO PRESIDENTE PROF. DOUTOR JOSÉ MÁRCIO SOARES LEITE, AO DR. JOSÉ APARECIDO VALADÃO A SEREMPOSSADO NA CADEIRA Nº 44, PATRONEADA POR OLAVOALEXANDRINO CORREA LIMA, NA AMM.

Saudação aos presentes...

A cirurgia, é o ramo da medicina que se propõe curar pelas mãos. Cirurgia

é ciência e arte. Como ciência, tem renovação dinâmica e constante de

preceitos e conceitos em função da sua própria evolução. Como arte exige

um aprendizado manual paciente e bem conduzido. Será aprendida mais

facilmente por aqueles que nascem com vocação e aptidão

específicas,como acontece com todas as artes.

Na evolução histórica da cirurgia, o papiro cirúrgico de Edwin Smith,

escrito por volta de 1700 a.C., é um dos mais importantes documentos da

medicina antiga do Egito. Na Grécia, no século V a.C., Hipócrates, o pai da

Medicina, em seu Corpus Hipocratticum, nos diz que... "o que as drogas

não curam, a faca curará". Na Índia, no século IV a.C., houve um

desenvolvimento grande da cirurgia plástica, principalmente das

rinoplastias. Em 150 a.C., foi proibido que cirurgiões, operassem pacientes

para retirada de cálculos. Na idade média, período compreendido entre os

séculos V a XV d.C. , o cirurgião bizantino Paulus Aegineta, escreveu um

breviário de cirurgia, sobre traqueotomia, tonsilectomias, flebotomias e

redução do tamanho das mamas. No século IX apareceram as primeiras

escolas de medicina. A primeira foi a Scuola Médica Salenirtana, em

Salerno-Itália, pioneira no estudo de anatomia e cirurgia. Rogerius

Frugardi, professor dessa Escola, publicou em 1.180 d.C. , o livro “Practica

Chirurgiae”, que serviu de base para os manuais de cirurgia ocidentais,

influenciando-os até os tempos modernos. Em 1222 é criada a

Universidade de Pádua, que contou com destacados professores de

anatomia e cirurgia, como Giambattista Morgagni, Andreas Vesalius e

Gabriel Faloppio, dentre outros. No fim do século XIII e início do século

XIV, as escolas francesas aumentam seu prestígio e dois cirurgiões se

distinguem: Henri de Mondeville e Guy de Chauliac (1260-1368), que

preconizaram que as feridas limpas cicatrizam melhor. Os corpos estranhos

deveriam ser removidos e o sangramento parado. A Obra de Chauliac,

Chirurgia magna, foi terminada em 1363 em Avignon-França. Em sete

volumes, o tratado abrange Anatomia, Sangria, Cauterização,

Medicamentos, Anestésicos, Feridas, Fraturas e Úlceras. Do século XV


em diante, no período renacentista, ressurge uma nova cirurgia na Europa,

em virtude do desenvolvimento da anatomia e da fisiologia, porém apenas

no século XVI os cirurgiões atingiram sua autonomia com Ambroise Paré

(1510-1590), considerado o fundador da ortopedia, que modificou o

tratamento das feridas que, até então, eram cauterizadas e queimadas com

óleo. Quando o rei Carlos IX ficou doente, disse a Paré: “Espero que vás

tratar melhor o rei do que os pobres do hospital.” Ambroise Paré

respondeu: “Não, isto é impossível.” “E por que?” Perguntou-lhe o rei.

Respondeu: “Porque eu os trato como reis.” Em 1715, Luís XV decreta

que o ensino da cirurgia seja incluído nas Escolas de Medicina da França.

No Brasil, no início do século XVIII encontramos poucos relatos sobre o

ensino da cirurgia e da própria técnica cirúrgica. O século XIX

caracterizou-se pelo desenvolvimento do conhecimento que auxiliaram o

crescimento da cirurgia. Cabe citar o controle da hemorragia,

principalmente com novos recursos técnicos, o conhecimento do controle

de infecção, a assepsia e a anti-sepsia e o controle da anestesia, que

ofereceu uma possibilidade imensa para o maior alcance das intervenções

cirúrgicas. No início do século XX existia o cirurgião que de forma

abrangente, realizava os chamados procedimentos operatórios. O

desenvolvimento científico e a necessidade do emprego de técnicas

especiais proporcionaram o surgimento dos especialistas. No final dos anos

50 já tínhamos outras especialidades com alcances precisos e definidos,

como a cirurgia torácica, a neurocirurgia, a cirurgia plástica e a cirurgia

cardíaca. Da segunda metade do século XX às primeiras duas décadas do

século XXI inúmeros progressos tecnológicos proporcionaram o emprego

de novos avanços, como a cirurgia dos transplantes de órgãos, a

microcirurgia, o emprego de próteses e endopróteses, a cirurgia

videoendoscópica e as técnicas de imagem congregando a radiologia

invasiva e esperamos um crescimento nas áreas já citadas e principalmente

um trabalho importante na cirurgia que utiliza as células-tronco, inclusive.

A partir de hoje, no entanto Dr. José Aparecido Valadão, com seu ingresso

nesta Casa, o Confrade passará a conviver com os dois mundos do Estado

da Arte da Cirurgia: O mundo da ciência médica e da técnica cirúrgica e o

mundo da literatura geral e médica, o mundo da história da medicina e,

essa tem sido a missão da Academia Maranhense de Medicina em seus 29

anos de existência. Lutar pela manutenção dos postulados éticos e médicos

da medicina e pela preservação de sua história, reconhecendo os modernos

avanços técnico-científicos, mas valorizando o passado sobre os quais esses

avanços foram erguidos, salientando sempre a importância da humanização

do ato médico.


Antes de encerrar estas minhas palavras, desejo homenagear o Confrade

José Aparecido Valadão e os cirurgiões desta Casa, com esta citação

cirurgião francês Guy de Chauliac, para quem o cirurgião tem que possuir

os três “H” exigidos para o perfeito exercício da arte e técnica cirúrgicas:

Head (cabeça), ou seja, conhecimento e sentimento; Hearth (coração), por

sua sensibilidade e amor à arte cirúrgica; Hand (mão), por sua habilidade

manual e sincronismo de movimentos. Os Confrade ora empossado com

certeza as possui.

Seja bem-vindo Dr. José Aparecido Valadão a nossa Academia.

Muito Obrigado!

 
 
 

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