DISCURSO DO PRESIDENTE DA AMM, PROF. DOUTOR JOSÉ MÁRCIO SOARES LEITE, NA POSSE DA ACAD. LEOPOLDINAMILANEZ DA SILVA LEITE, NA CADEIRA Nº 49, PATRONEADAPOR BENEDITO DUAILIBE MURAD, NA AMM.
- Academia maranhense medicina
- 20 de fev.
- 3 min de leitura
Saudação aos presentes...
Hoje empossamos neste sodalício, na Cadeira de nº 49, patroneada pelo
médico Benedito Duailibe Murad, a médica ortopedista, Dra. Leopoldina
Milanez da Silva Leite
A partir das deformidades verificadas no ser humano durante sua evolução
e da necessidade de corrigí-las surgiu a ortopedia. Conforme a ortopedia foi
evoluindo, foi possível oferecer às novas gerações a possibilidade de não
repetir os erros do passado e copiando os acertos, aperfeiçoá-los para
oferecer maior conforto aos pacientes atuais.
No papiro de Edwin Smith, roubado de uma tumba em 1862, atribuído a
Imhotep que era médico, arquiteto, astrólogo, e primeiro ministro do Egito
os traumas foram classificados de acordo com os seus prognósticos em três
categorias: uma doença que eles deveriam tratar, uma doença que eles
deveriam combater e uma doença que eles não tratariam.
No período entre 430 e 330 a.C. um texto grego muito importante é
conhecido como o Corpus Hippocraticum, escrito por Hippocrates, que
ficou conhecido como o pai da medicina. Entre seus volumes, encontra-se
um sobre articulações. Neste a luxação do ombro foi descrita junto com os
vários métodos usados em sua redução. Também havia seções que
descrevem a redução de luxações acromioclavicular, têmporo-mandibular,
joelho, quadril e cotovelo.
No século XII, a Europa voltou a despertar de um período cultural escuro
voltando a construir universidades e hospitais, mas foi só no século XVI
que ressurgem novos personagens na história da ortopedia. Ambroise Paré,
pai da cirurgia francesa, é considerado o fundador da ortopedia. Bourg
Herent publicou a obra Dez Livros de Cirurgia e entre as técnicas projetou
instrumentos, próteses, coletes para escoliose e botas ortopédicas. O
francês Nicholas Andry (1658-1759) publicou, em 1741, um livro famoso
chamado Orthopaedia: The Art of Correcting and Preventing Deformities
in Children. O mesmo autor foi o primeiro a usar o termo ortopedia para
correção de deformidades ósseas.
Antonius Mathysen (1805-1878) foi um cirurgião militar holandês, que em
1851 inventou a atadura de gesso. Esta atadura proporcionou grande
avanço na imobilização de membros fraturados.
Assim vários ortopedistas famosos foram se sucedendo ao longo dos
séculos XVII, XVIII e XIX. Na virada do século XIX para o XX vale
lembrar o inglês Robert Jones (1835-1933), que fundou associações e
hospitais ortopédicos e escreveu seu livro-texto Orthopaedic Surgery, que é
tido como o primeiro a tratar sistematicamente do diagnóstico e tratamento
das fraturas recentes.
A partir destes grandes avanços do passado chegamos ao século XXI.
Neste século surgiram novas técnicas, aparelhos, exames, e grandes
aprofundamentos nos estudos biomecânicos e o completo entendimento da
seqüência do genoma humano trará avanços inimagináveis
A partir de hoje, no entanto Dr. José Carlos do Amaral, com seu ingresso
nesta Casa, o Confrade passará a conviver com os dois mundos do Estado
da Arte da Ortopedia: O mundo da ciência médica e da técnica cirúrgica e o
mundo da literatura geral e da história da medicina, e, essa tem sido a
missão da Academia Maranhense de Medicina em seus 29 anos de
existência. Lutar pela manutenção dos postulados éticos e médicos da
medicina e pela preservação de sua história, reconhecendo os modernos
avanços técnico-científicos, mas valorizando o passado sobre os quais esses
avanços foram erguidos, salientando sempre a importância da humanização
do ato médico, na exata dimensão de que a vida é um instante da eternidade
cantado em prosa e verso por poetas, sábios e filósofos e que se sublima
pelo amor, pelo trabalho e pela realização de um ideal que eleva a alma e
aquece o coração. Um ideal verdadeiro, que o levou a pleitear um assento
na Academia Maranhense de Medicina. Não aquele ideal de Nietszche
onde a meta maior é o poder. Não aquele ideal de Sartre onde “o ser
existencial” é deterministicamente moldado pela própria “existência”. Mas,
um ideal elevado, tendo como motivação apenas um bem conviver,
aprender, compartilhar ideias e opiniões.
Hoje é um marco em sua vida. É o coroamento de muito trabalho e estudo.
É a colheita de frutos sazonados em muitos outonos e muitos invernos. É a
imortalidade caindo sobre sua alma acadêmica a viver nesta morada que
guarda com carinho os entes aqui professados. É mais luz que se acende no
teatro da vida para lhe dar calor e amizade, que o trouxe a sentar-se
conosco aqui esta noite, onde veio aportar sem favorecimentos indevidos
mas com um lastro científico e moral que muito o dignifica. Tenho certeza
que V. Sa. vai abrilhantar esta Academia tão cheia de Ciência e de Saber.
Saber das coisas para analisar a vida em seus mistérios.
Seja bem-vinda a Academia Maranhense de Medicina, Acad. Leopoldina
Milanês da Silva Leite
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