DISCURSO DO PRESIDENTE DA ACADEMIA MARANHENSE DE MEDICINA NA SOLENIDADE DE ENTREGA DO TÍTULO DE ACADÊMICO HONORÁRIO AO PROF. DR. NELSON GATTÁS.
- Academia maranhense medicina
- 5 de fev.
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Saudação aos presentes...
O Prof. Dr. Nelson Gattás, da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP), que nos honra com sua visita ao Maranhão, possui graduação
em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (1976). Estágio no
Institute Mutualist Montsouris, LMM, França. Mestrado na Pós Graduação
em Urologia pela Universidade Federal de São Paulo (1985) e Doutorado
no Programa de Pós Graduação em Urologia pela Universidade Federal de
São Paulo (1999). Research fellow e Pós-Doutorado no Children,s
Hospital Boston. CHB. Estados Unidos (1997-1998-1999). Médico
urologista e orientador da graduação e da Residência Medica em Urologia
da Escola Paulista de Medicina. Médico dos Hospitais São Paulo, Sírio
Libanês e Edmundo Vasconcelos em São Paulo.
A Urologia nasceu como especialidade médica, clínica e cirúrgica,
abrangendo o diagnóstico, orientação, tratamento e acompanhamento de
um grande número e complexidade de enfermidades congênitas ou
adquiridas, infecciosas, traumáticas, tumorais ou degenerativas do sistema
urinário, em ambos os sexos, adulto ou infantil.
A história da Urologia, se confunde com a História da Medicina e com a
História da Humanidade. Diversos conhecimentos do foro urológico foram
marcos culturais ao longo da evolução das sociedades, como a castração e a
circuncisão. O procedimento mais temido, a litotomia, que causava enorme
receio aos médicos e pacientes da antiguidade, foi o ponto de partida para
que Hipócrates, em seu juramento, direcionasse este procedimento aos
profissionais com maior habilidade e experiência nesta prática, sendo o
primeiro procedimento a se afastar da medicina geral. E, se por um lado o
Corpus Hippocraticum descrevia diversos procedimentos cirúrgicos para
que os médicos da época pudessem realizar, por outro o juramento
recomendava a prática da litotomia apenas pelos primeiros especialistas da
antiguidade, um valor conhecido como “primum non nocere”, que
significa, primeiramente não causar dor ou sofrimento.
Quando Desourmaux e Nitze desenvolveram o uso do endoscópio para
procedimentos em cirurgias geniturinárias, e a partir do descobrimento e
implementação dos métodos radiológicos como recursos diagnósticos,
respectivamente no final do século XIX e início do século XX, a gama de
conhecimentos e possibilidades dentro da área urológica aumentou
exponencialmente, determinando a sua separação da cirurgia geral.
Em 1890 na Universidade de Paris, Félix Guyon, fundou a Association
Française d’ Urologie, em 1896, primeira entidade médica urológica do
mundo.
No Brasil, a urologia avançou significativamente no século XX, com a
realização do primeiro transplante de tecido da América Latina: um rim foi
transplantado pela equipe do Alberto Gentile, ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Urologia, entidade esta fundada na cidade do Rio de Janeiro.
A primeira cátedra de urologia no Brasil, foi criada na Faculdade de
Medicina da Universidade Federal Fluminense, em 1931, também pelo
pioneiro Agenor Edésio Estellita Lins. Atualmente a urologia continua na
vanguarda tecnológica, assim como foi ao longo de toda sua história. Os
procedimentos atuais avançam muito por serem minimamente invasivos,
causando menos sofrimento ao paciente e diminuindo o tempo de
internação e as complicações.
É notória, portanto, a importância da urologia ao longo da história da
medicina e da humanidade. A especialidade evoluiu de práticos ou
cirurgiões-barbeiros para uma das áreas de maior vanguarda tecnológica da
medicina. Porém, ainda há grandes desafios que devem ser enfrentados
pelos urologistas no futuro, principalmente a baixa oferta de urologistas no
sistema de saúde brasileiro, resultando no baixo acesso à saúde do homem,
gerando enormes filas de espera. Com isto, apesar dos recursos terapêuticos
avançarem cada vez mais na urologia, é imprescindível que a população
tenha acesso a eles.
Nesse contexto, com o passar da História da Medicina, fica claro que o
conhecimento urológico sempre foi vanguarda na tecnologia, desde a
criação de materiais para litotomia, bem como no pioneirismo nos recursos
endoscópicos e radiológicos.
A litotomia, que era o procedimento mais temido da antiguidade, com o
curso da história evoluiu até os recursos presentes neste tempo, em que se
tem a litotripsia extracorpórea por emissão de ondas de ultrassom, onde é
possível quebrar cálculos sem nenhuma intervenção cirúrgica, de maneira
confortável e pouco invasiva.
A cirurgia robótica, advento do século XXI, ainda não é utilizada em larga
escala, porém, uma das áreas pioneiras para o seu desenvolvimento é a
urologia. A motivação para este desenvolvimento, por exemplo, é a melhor
visualização e manejo cirúrgico para a prostatectomia radical.
Eis a razão, Confrades e Confreiras, de hoje ser um grande dia para a
Academia Maranhense de Medicina. Outorgarmos o Título de Acadêmico
Honorário da nossa Academia ao médico urologista Prof. Dr. Nelson
Gattás, que passa agora a integrá-la, irmanando-se com o nosso ideário de
manutenção dos postulados éticos e médicos e a incorporação dos avanços
técnico-científicos da medicina, porém sem deixar de preservar e valorizar,
o histórico de sua construção.
Este Título, Prof. Dr. Nelson Gattás lhe é concedido em razão de sua
conduta ética e humanística no exercício profissional e no magistério em
São Paulo, onde exercita uma atenção à saúde e um ensino, com
competência, zêlo e humanismo, atendendo pacientes de todo Brasil,
incluindo o Maranhão.
Esse Título também é um reconhecimento e um agradecimento pelo senhor
ter participado diretamente do processo de implantação do Transplante de
Rim no Maranhão, capacitando uma equipe médica de urologistas para sua
realização e, hoje com certeza as dezenas de transplantados estão dizendo:
“Obrigado, Dr. Gattás, o senhor em muito contribuiu para o fim do nosso
sofrimento na hemodiálise, com os transplantes de rim e nos devolver
qualidade de vida”.
Sejam bem-vindos ao Maranhão, Acadêmico Nelson Gattás e sua esposa
Gilka, cidade de tradições históricas, culturais, poéticas, educacionais, onde
suas ruas e sobradões, de casarios de azulejos, estão sempre a nos evocar o
encontro do passado, do presente e do futuro.
Muito Obrigado!
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