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DISCURSO DO PRESIDENTE DA ACADEMIA MARANHENSE DE MEDICINA NA SOLENIDADE DE ENTREGA DO TÍTULO DE ACADÊMICO HONORÁRIO AO PROF. DR. NELSON GATTÁS.

Saudação aos presentes...

O Prof. Dr. Nelson Gattás, da Universidade Federal de São Paulo

(UNIFESP), que nos honra com sua visita ao Maranhão,  possui graduação

em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (1976). Estágio no

Institute Mutualist Montsouris, LMM, França. Mestrado na Pós Graduação

em Urologia  pela Universidade Federal de São Paulo (1985) e Doutorado

no Programa de Pós Graduação em Urologia pela Universidade Federal de

São Paulo (1999). Research fellow  e Pós-Doutorado no Children,s

Hospital Boston. CHB. Estados Unidos (1997-1998-1999). Médico

urologista e orientador da graduação e da Residência Medica em Urologia

da Escola Paulista de Medicina. Médico dos Hospitais São Paulo, Sírio

Libanês e Edmundo Vasconcelos em São Paulo.

 

A Urologia nasceu como especialidade médica, clínica e cirúrgica,

abrangendo o diagnóstico, orientação, tratamento e acompanhamento de

um grande número e complexidade de enfermidades congênitas ou

adquiridas, infecciosas, traumáticas, tumorais ou degenerativas do sistema

urinário, em ambos os sexos, adulto ou infantil.

A história da Urologia, se confunde com a História da Medicina e com a

História da Humanidade. Diversos conhecimentos do foro urológico foram

marcos culturais ao longo da evolução das sociedades, como a castração e a

circuncisão. O procedimento mais temido, a litotomia, que causava enorme

receio aos médicos e pacientes da antiguidade, foi o ponto de partida para

que Hipócrates, em seu juramento, direcionasse este procedimento aos

profissionais com maior habilidade e experiência nesta prática, sendo o

primeiro procedimento a se afastar da medicina geral. E, se por um lado o

Corpus Hippocraticum descrevia diversos procedimentos cirúrgicos para

que os médicos da época pudessem realizar, por outro o juramento

recomendava a prática da litotomia apenas pelos primeiros especialistas da

antiguidade, um valor conhecido como “primum non nocere”, que

significa, primeiramente não causar dor ou sofrimento.

Quando Desourmaux e Nitze desenvolveram o uso do endoscópio para

procedimentos em cirurgias geniturinárias, e a partir do descobrimento e

implementação dos métodos radiológicos como recursos diagnósticos,

respectivamente no final do século XIX e início do século XX, a gama de


conhecimentos e possibilidades dentro da área urológica aumentou

exponencialmente, determinando a sua separação da cirurgia geral.

Em 1890 na Universidade de Paris, Félix Guyon, fundou a Association

Française d’ Urologie, em 1896, primeira entidade médica urológica do

mundo.

No Brasil, a urologia avançou significativamente no século XX, com a

realização do primeiro transplante de tecido da América Latina: um rim foi

transplantado pela equipe do Alberto Gentile, ex-presidente da Sociedade

Brasileira de Urologia, entidade esta fundada na cidade do Rio de Janeiro.

A primeira cátedra de urologia no Brasil, foi criada na Faculdade de

Medicina da Universidade Federal Fluminense, em 1931, também pelo

pioneiro Agenor Edésio Estellita Lins. Atualmente a urologia continua na

vanguarda tecnológica, assim como foi ao longo de toda sua história. Os

procedimentos atuais avançam muito por serem minimamente invasivos,

causando menos sofrimento ao paciente e diminuindo o tempo de

internação e as complicações.

É notória, portanto, a importância da urologia ao longo da história da

medicina e da humanidade. A especialidade evoluiu de práticos ou

cirurgiões-barbeiros para uma das áreas de maior vanguarda tecnológica da

medicina. Porém, ainda há grandes desafios que devem ser enfrentados

pelos urologistas no futuro, principalmente a baixa oferta de urologistas no

sistema de saúde brasileiro, resultando no baixo acesso à saúde do homem,

gerando enormes filas de espera. Com isto, apesar dos recursos terapêuticos

avançarem cada vez mais na urologia, é imprescindível que a população

tenha acesso a eles.

Nesse contexto, com o passar da História da Medicina, fica claro que o

conhecimento urológico sempre foi vanguarda na tecnologia, desde a

criação de materiais para litotomia, bem como no pioneirismo nos recursos

endoscópicos e radiológicos.

A litotomia, que era o procedimento mais temido da antiguidade, com o

curso da história evoluiu até os recursos presentes neste tempo, em que se

tem a litotripsia extracorpórea por emissão de ondas de ultrassom, onde é

possível quebrar cálculos sem nenhuma intervenção cirúrgica, de maneira

confortável e pouco invasiva.

A cirurgia robótica, advento do século XXI, ainda não é utilizada em larga

escala, porém, uma das áreas pioneiras para o seu desenvolvimento é a

urologia. A motivação para este desenvolvimento, por exemplo, é a melhor

visualização e manejo cirúrgico para a prostatectomia radical.


Eis a razão, Confrades e Confreiras, de hoje ser um grande dia para a

Academia Maranhense de Medicina. Outorgarmos o Título de Acadêmico

Honorário da nossa Academia ao médico urologista Prof. Dr. Nelson

Gattás, que passa agora a integrá-la, irmanando-se com o nosso ideário de

manutenção dos postulados éticos e médicos e a incorporação dos avanços

técnico-científicos da medicina, porém sem deixar de preservar e valorizar,

o histórico de sua construção.

Este Título, Prof. Dr. Nelson Gattás lhe é concedido em razão de sua

conduta ética e humanística no exercício profissional e no magistério em

São Paulo, onde exercita uma atenção à saúde e um ensino, com

competência, zêlo e humanismo, atendendo pacientes de todo Brasil,

incluindo o Maranhão.

Esse Título também é um reconhecimento e um agradecimento pelo senhor

ter participado diretamente do processo de implantação do Transplante de

Rim no Maranhão, capacitando uma equipe médica de urologistas para sua

realização e, hoje com certeza as dezenas de transplantados estão dizendo:

“Obrigado, Dr. Gattás, o senhor em muito contribuiu para o fim do nosso

sofrimento na hemodiálise, com os transplantes de rim e nos devolver

qualidade de vida”.

Sejam bem-vindos ao Maranhão, Acadêmico Nelson Gattás e sua esposa

Gilka, cidade de tradições históricas, culturais, poéticas, educacionais, onde

suas ruas e sobradões, de casarios de azulejos, estão sempre a nos evocar o

encontro do passado, do presente e do futuro.

Muito Obrigado!

 
 
 

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