Discurso Diploma de Honra ao Mérito Médico Maranhense in memoriam ao Prof. Doutor José Eduardo Moraes Rego e do Diploma de Acadêmica Honorária da AMM, para Profa. Doutora Amanda Guerra Moraes Rego
- Dr. José Marcio Soares Leite
- 20 de mai. de 2022
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de fev.
Discurso Do Presidente da Academia Maranhense De Medicina. Acad. José Márcio
Soares Leite, na Sessão Solene de outorgas do Diploma de Honra ao Mérito Médico
Maranhense in memoriam ao Prof. Doutor José Eduardo Moraes Rego Sousa e do
Diploma de Acadêmica Honorária da Academia Maranhense de Medicina, para
Profa. Doutora Amanda Guerra Moraes Rego Souza.
Saudação aos presentes ...
No quadro do pintor renascentista italiano Rafael Sanzio, “Escola de Atenas”, pintado
entre 1509/1511, que ilumina o museu do Vaticano, estão os homens que brilharam na
antiguidade Helênica. A pintura já foi descrita como a obra prima de Rafael e a
personificação perfeita do espírito clássico do Renascença. A importância da obra
também está em demonstrar como a filosofia e a vida intelectual da Grécia antiga foram
vistas ao final do renascimento. Felizmente não faltam empreendimentos como este, no
cenário nacional e internacional para identificar grandes nomes da história humana.
A medicina não é uma atividade pronta, conclusa. Está em permanente construção. Faz-
se mister, portanto, lembrar quem dela participou ou participa ativamente.
Eis a razão da Academia Maranhense de Medicina, ter instituído a condecoração
HONRA AO MÉRITO MÉDICO MARANHENSE, para agraciar anualmente, grandes
médicos maranhenses que já prestaram ou ainda prestam relevantes serviços médicos à
sociedade maranhense e brasileira, assim como consta do seu Estatuto a concessão do
Diploma de Acadêmico Honorário à ilustres personalidades médicas que destacaram no
plano local ou nacional pelo seu desempenho médico-científico e humanitário.
Dessarte, não reverenciamos simplesmente profissionais médicos, pois a medicina é
mais do que isso. É um compromisso com fazer o bem para nossa sociedade e, o mais
importante, dando exemplos.
Nesse contexto, hoje homenageamos com essas titulações, o Prof. Doutor José Eduardo
Moraes Rego Sousa e a Profa. Dra. Amanda Guerra Moraes Rego Sousa, por aprovação
unânime em Assembleia Geral da Academia Maranhense de Medicina.
O Prof. Doutor “José Eduardo Moraes Rego Sousa”, notabilizou-se pela sua antevisão e
pioneirismo, tendo realizado a primeira cinecoronariografia no Brasil (1968), o primeiro
implante de stent de Palmaz Schatz em humanos no mundo (1987) e a primeira série de
implantes de stents farmacológicos liberadores de sirolimus. Essa técnica mostrou-se
eficaz para o controle da reestenose coronária, determinando uma nova era para o
tratamento percutâneo de Doença Arterial Coronária.
Notabilizou-se também no magistério, como Professor Titular de Cardiologia da
Universidade Federal do ABC e como Professor de Pós-Graduação da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Livre-Docente pela Universidade
Federal de São Paulo - UNIFESP E “Fellow of American College of Cardiology”,
tendo formado várias gerações de cardiologistas intervencionistas brasileiros e latino-
americanos, constituindo uma verdadeira “Escola da Especialidade”, no Dante
Pazzanese em São Paulo.
Fundou a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista -
SBHCI (1975) e foi eleito para a Cadeira nº 9 (Patrono: Miguel Couto) da Academia
Nacional de Medicina em 2007 .
A Professora Doutora Amanda Guerra de Moraes Rego Souza, é professora titular da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP, sendo Livre-Docente
na mesma Universidade e Fellow of American College of Cardiology”. É Professora de
Pós-Graduação da Universidade de São Paulo e Presidente da Comissão de Pós-
Graduação do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, sendo Coordenadora do Curso
de Doutorado do Programa de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo e do
Instituto Dante Pazzanese.
Foi Chefe da Seção de Angioplastia Coronária, Diretora do Serviço de Cardiologia
Invasiva, Diretora de Divisão de Diagnóstico e Terapêutica, Diretora Técnica de
Departamento de Saúde e Diretora Geral do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.
Foi Diretora Médica da Fundação Adib Jatene e exerceu a Vice-Diretoria do Instituto de
Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração - HCor e a Gestão do Serviço de
Hemodinâmica desse Hospital.
No Museu da Academia Nacional de Medicina localizado no Rio de Janeiro e no hall do
Salão da Congregação do Memorial da Faculdade de Medicina da Bahia existem duas
reproduções de um tema que a partir do final do século XIX ganhou significativa
expressão: trata-se da imagem heróica e salvadora do médico moderno. As
representações em questão são, respectivamente, uma escultura em bronze intitulada “A
luta do médico contra a morte”, de autor desconhecido, e um desenho colorido
escolhido para ser a ilustração de um quadro de formandos da Faculdade de Medicina
da Bahia. Em ambas há três figuras. Dominando a cena, está o médico vestido com um
jaleco, em pé, com uma das mãos afastando a representação da morte na figura do
esqueleto, que, insidiosamente, agarra-se ao corpo nu de uma mulher jovem, semi-
desfalecida, mas com forças ainda para procurar a proteção do médico que a ampara
com a outra mão.
Ser médico, certamente, não é tarefa fácil. Até porque a Medicina não é somente
números e estatística; é sentimento e arte; sentimento que nasce do indissociável
compromisso de solidariedade com o homem. Arte, que aflora da sensação de que o
conhecimento científico não encerra em si toda a natureza do ofício.
Li, certa vez, em algum lugar, que o segredo do médico é compreender as pessoas, além
das doenças. O médico entende o sofrimento humano e o respeita. Seu esforço para
compreender o mecanismo e as consequências das doenças vai além do físico e do
químico para penetrar no espírito das pessoas e partilhar suas aflições.
Alguém já disse que ser médico é algo extremamente complexo, porém necessário; é
algo arriscado, porém preciso; é algo difícil, porém possível; é algo sofrido, porém fonte
de felicidade para quem gosta de gente e de observar no outro o sonho de ver em cada
um a extensão de sua própria vida.
Posso assegurar-lhes, posso dar meu testemunho, de que o Prof. Doutor José Eduardo
Moraes Rego Sousa, in memoriam e a Profa. Doutora Amanda Guerra Moraes Rego
Souza, que estão sendo hoje homenageados sempre estiveram e estão imbuídos desse
espírito humanitário e seus exemplos de vida, continuam a ser uma grande inspiração
para todos nós e para as gerações futuras de médicos.
Finalizo minhas palavras avocando o filósofo alemão Walter Benjamim, para quem “o
futuro é uma conjunção de possibilidades. Uma nau de velas abertas e com o vento em
popa. É um logo alí que exige audácia, sonho e esperança”. O Acad. José Eduardo
Moraes Rego Sousa e a Acad. Amanda Guerra Moraes Rego Sousa, seguiram esse
caminho!...
Agradeço a presença da Profa. Dra. Amanda e do Dr. Eduardo Luís, filho do Prof. Dr.
José Eduardo, que se deslocaram respectivamente de São Paulo e Brasília para
testemunharem este ato e ao seus familiares e amigos, aos Confrades e Confreiras da
Academia Maranhense de Medicina, e aos profissionais de saúde, professores e
estudantes de medicina que nos honraram com suas presenças.
Muito obrigado.


Comentários