DISCURSO DE RECEPÇÃO AO ACADÊMICO ARTUR SERRA NETO
- Drª. Márcia da Silva Sousa
- 2 de fev.
- 5 min de leitura
Ilmo. Sr. Presidente, acadêmico José Marcio Soares Leite;
Passo às saudações e através de vosso nome, cumprimento aos insignes
componentes desta mesa diretora.
Ilustríssimas autoridades aqui presentes;
Digníssimos confrades e confreiras;
Minhas senhoras e meus senhores;
“A imortalidade é uma espécie de vida que nós adquirimos na memória dos
homens.”
Sob a inspiração das palavras do iluminista Denis Diderot, saúdo o Dr. Artur
Serra Neto, que será empossado para ocupar a Cadeira 38 deste sodalício.
Exulta a Academia Maranhense de Medicina, pois hoje, para a imortalidade,
nasce este novel acadêmico. O conceito de imortalidade há muito ronda a
humanidade, fomentado decerto, por nossa ânsia em crer na perenidade dos
seres. Contudo, a imortalidade, para os que sobrevoam o laconismo da carne,
expressa nada mais que o desejo de prorrogar as notáveis ações humanas.
Pois como afirmou Pitágoras: “O homem é mortal por seus temores e imortal
por seus desejos”.
Prezado Dr. Artur Serra Neto,
Me chamastes para receber-vos neste instante de vossa sagração acadêmica.
Julgaste-me digna deste papel e agora aqui me tendes. Agradeço-vos a
fidalguia da escolha pelo recipiendário, fruto dos laços de respeito e amizade
que uniram nossos caminhos desde os pueris bancos escolares. Chegais a
esta casa, pela cuidadosa e laboriosa obra que vindes realizando com
paciência e carinho, através de uma longa jornada, inteiramente dedicada à
salvaguarda ética da ciência médica e alicerçada em vossos robustos
princípios espirituais. Esta irretocável jornada, pelo brilho, esmero, essência,
forma e conteúdo de sua composição, permitiu que estivesses à altura da
pompa e da gala desta noite, em que vós tomais consórcio ilustre entre nós.
Saibam todos, que hoje alcançais um reconhecimento que está acima de
qualquer título de competência. A entrada em uma academia médica é a
sagração do médico pela medicina. Aqui encontrareis um centro, onde se
albergam os seres que se colocam sob o primado de um humanismo que não
quer e não pode fenecer. Nesta casa, as ações não devem ser medidas pela
régua da soberba, mas orientadas pela bússola da humildade e da fidelidade à
verdade e à caridade, pois como vaticinou Lucas, médico e santo: “Aquele que
é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é
injusto nas coisas pequenas o será também nas grandes”. Vossa irrepreensível
história de vida, Dr. Artur, assegura-nos que honrareis os compromissos hoje
reafirmados, para com a medicina, nesta casa e perante teus pares. Mas “O
menino é o pai do homem”, disse o poeta William Wordsworth e
indubitavelmente, o transcurso de vida do menino, encaminhou o homem até
aqui e para esta condição. Eis como nos chegou.
A saga deste homem, senhoras e senhores, se inicia no dia 12 de setembro de
1968, nesta nossa capital, Patrimônio da Humanidade, onde nasce o menino
Artur, filho da distinta professora Sr.ª. Arlete Lago Serra (in memorian) e do Sr.
João Gualberto Serra, digno comerciante desta praça, dos quais recebeu
formação humanística e os sólidos princípios formadores de seu caráter. Sob
estes mesmos ares tornou-se homem e casou-se com a Drª. Ana Cláudia S. de
Carvalho Serra (Ondontopediatra). Desta feliz união, nasceu o Dr. Gustavo
Serra, engenheiro civil e orgulho deste pai.
Mas voltemos ao menino Artur, que vencendo o tempo da infância e da
adolescência, cumpriu com esmero suas obrigações escolares e foi aprovado
em seu primeiro vestibular para Medicina, vindo a tornar-se médico no tempo
regulamentar de seis anos, em 1992, na inesquecível 44ª turma da
Universidade Federal do Maranhão. Aplicado acadêmico, Artur dedicou-se à
clínica e à pesquisa infecto parasitária e à clínica obstétrica, mas o retumbante
chamado da Clínica Cirúrgica, o encaminhou à residência Médica em Cirurgia
Geral no Hospital Universitário da UFMA, período em que exerceu salutar
liderança como chefe dos residentes da cirurgia. À arte imemorial da cirurgia, o
Dr. Artur conferiu o timbre de um claro e inequívoco selo pessoal, que se
alicerça nos pilares da perícia, da prudência e da diligência. O imediato
chamado de seus mestres, para que com eles exercesse seu ofício, é prova
inequívoca deste fato. Atuou como cirurgião em Vitória do Mearim e nos
principais serviços de urgência e emergência da capital: Hospital Clementino
Moura, Hospital Djalma Marques, Hospital Português e Hospital UDI. Ao longo
de sua vida laboral, foi aprovado em diversos concursos públicos: para a
CAEMA, MPE, Banco do Brasil, SEMUS, SEMAD, HMDM, UFMA (com técnico
e docente). O trabalho árduo não o distanciou da ciência e acrescentando a
persistência ao estudo continuado, carregando pedras como se fossem
plumas, o Dr. Artur especializou-se ainda em Medicina do Trabalho pela AMB,
concluiu MBA de Gestão em Saúde pela FGV, possui cursos de Qualificação
de Gestores pela FIOCRUZ, é Mestre em Saúde e Ambiente pela UFMA e
Doutor em Ciências da Saúde pela UERJ.
Na gestão, foi Coordenador Geral de Urgência e Emergência da SEMUS,
Diretor Geral do SAMU, Assessor da Secretaria Municipal de Saúde, Diretor
Geral do Hospital Clementino Moura, do Hospital Djalma Marques e do Hospital
da Mulher; foi Chefe de Divisão Médica do HUUFMA e Chefe da Unidade de
Clínica Cirúrgica do HUUFMA. Foi ainda presidente da Comissão de Ética
Médica e membro da Comissão de Ética em Pesquisa do HUUFMA. Teve
participação em algumas gestões do Sindicato dos Médicos do Maranhão.
Atualmente é o secretário da AMB em sua segunda gestão.
Na docência destacou-se como professor substituto e professor temporário de
Técnica Operatória e Cirurgia Experimental do curso de medicina da UFMA,
sendo posteriormente aprovado como professor efetivo, mas que declinou por
motivos contratuais. Destaca-se há décadas como preceptor do Programa de
Residência Médica em Cirurgia Geral do HUUFMA, foi professor do curso de
medicina do UNICEUMA por quase uma década e atualmente é professor do
curso de medicina da UNDB, tendo colaborado na construção de seu projeto
pedagógico, fazendo parte Núcleo Docente Estruturante daquela universidade.
Em toda sua dedicada e beligerante trajetória, não esquecido dos princípios
religiosos fundamentados no lar paterno, levo-os com fé renovada por toda sua
vida. Professando a fé católica, vem exercendo bela missão evangelizadora e
realizando projetos sociais na paróquia São Francisco de Assis, onde com sua
esposa, atua como agente da pastoral familiar, preparando casais para o
matrimônio e participando do Encontro de Casais com Cristo. Este
desprendimento de seu tempo em prol do serviço evangelizador, remete--nos
às palavras do próprio Francisco de Assis: “Toda a escuridão do mundo não
pode extinguir a luz de uma única vela”.
Portanto, senhoras e senhores, este é o novo acadêmico de quem vos falei e
vos apresentei, nesta venturosa noite de 24 de novembro de 2023.
Prezado Artur, não se concebe o ingresso nesta casa, sem a digna saudação
de nossa parte. Tão pouco sem o justo laurel aos que nos antecederam,
honrados ocupantes em tempos pretéritos, desta nossa esfera terrestre.
Ingressais hoje no seleto rol dos imortais e é justamente nisto que consiste
vosso maior compromisso: permanecer honrando nossa arte médica, esta
casa, vosso insigne patrono Salomão Fiquene e vosso antecessor na cadeira
que doravante ocupareis, o memorável confrade Abdon José Murad Neto. E
mais! Reforçareis nossas fileiras, pela manutenção dos princípios éticos da
medicina, compartilhando conosco o cálice da tradição que nos ensina a
conviver com os impasses da história e a resistir aos tormentos da
modernidade fátua.
Ao aspirar ser um dos nossos, fostes guiado pelo entendimento da significação
do nosso convívio. Sois nosso! Hoje esta casa vos recebe para sempre. E nós,
e os que nos sucederem, haveremos de guardar-vos, como os vossos
ancestrais guardavam os daguerreótipos familiares. Platão vaticina que “O que
faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.”
Portanto, ignoremos a vela enfunada da vaidade e sigamos juntos, como forte
vento a impulsionar esta casa que agora também é vossa.
Prezado confrade Artur Serra Neto, dileto amigo, sob a égide das emoções vos
desejo uma longa imortalidade. Sede bem-vindo à casa de Antônio Nilo!
Muito obrigada!
Acadêmica Márcia da Silva Sousa
Cadeira Nº 46


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