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DISCURSO DE RECEPÇÃO AO ACADÊMICO ARTUR SERRA NETO

Ilmo. Sr. Presidente, acadêmico José Marcio Soares Leite;

Passo às saudações e através de vosso nome, cumprimento aos insignes

componentes desta mesa diretora.

Ilustríssimas autoridades aqui presentes;

Digníssimos confrades e confreiras;

Minhas senhoras e meus senhores;


“A imortalidade é uma espécie de vida que nós adquirimos na memória dos

homens.”

Sob a inspiração das palavras do iluminista Denis Diderot, saúdo o Dr. Artur

Serra Neto, que será empossado para ocupar a Cadeira 38 deste sodalício.

Exulta a Academia Maranhense de Medicina, pois hoje, para a imortalidade,

nasce este novel acadêmico. O conceito de imortalidade há muito ronda a

humanidade, fomentado decerto, por nossa ânsia em crer na perenidade dos

seres. Contudo, a imortalidade, para os que sobrevoam o laconismo da carne,

expressa nada mais que o desejo de prorrogar as notáveis ações humanas.

Pois como afirmou Pitágoras: “O homem é mortal por seus temores e imortal

por seus desejos”.

Prezado Dr. Artur Serra Neto,

Me chamastes para receber-vos neste instante de vossa sagração acadêmica.

Julgaste-me digna deste papel e agora aqui me tendes. Agradeço-vos a

fidalguia da escolha pelo recipiendário, fruto dos laços de respeito e amizade

que uniram nossos caminhos desde os pueris bancos escolares. Chegais a

esta casa, pela cuidadosa e laboriosa obra que vindes realizando com

paciência e carinho, através de uma longa jornada, inteiramente dedicada à

salvaguarda ética da ciência médica e alicerçada em vossos robustos

princípios espirituais. Esta irretocável jornada, pelo brilho, esmero, essência,

forma e conteúdo de sua composição, permitiu que estivesses à altura da


pompa e da gala desta noite, em que vós tomais consórcio ilustre entre nós.

Saibam todos, que hoje alcançais um reconhecimento que está acima de

qualquer título de competência. A entrada em uma academia médica é a

sagração do médico pela medicina. Aqui encontrareis um centro, onde se

albergam os seres que se colocam sob o primado de um humanismo que não

quer e não pode fenecer. Nesta casa, as ações não devem ser medidas pela

régua da soberba, mas orientadas pela bússola da humildade e da fidelidade à

verdade e à caridade, pois como vaticinou Lucas, médico e santo: “Aquele que

é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é

injusto nas coisas pequenas o será também nas grandes”. Vossa irrepreensível

história de vida, Dr. Artur, assegura-nos que honrareis os compromissos hoje

reafirmados, para com a medicina, nesta casa e perante teus pares. Mas “O

menino é o pai do homem”, disse o poeta William Wordsworth e

indubitavelmente, o transcurso de vida do menino, encaminhou o homem até

aqui e para esta condição. Eis como nos chegou.

A saga deste homem, senhoras e senhores, se inicia no dia 12 de setembro de

1968, nesta nossa capital, Patrimônio da Humanidade, onde nasce o menino

Artur, filho da distinta professora Sr.ª. Arlete Lago Serra (in memorian) e do Sr.

João Gualberto Serra, digno comerciante desta praça, dos quais recebeu

formação humanística e os sólidos princípios formadores de seu caráter. Sob

estes mesmos ares tornou-se homem e casou-se com a Drª. Ana Cláudia S. de

Carvalho Serra (Ondontopediatra). Desta feliz união, nasceu o Dr. Gustavo

Serra, engenheiro civil e orgulho deste pai.

Mas voltemos ao menino Artur, que vencendo o tempo da infância e da

adolescência, cumpriu com esmero suas obrigações escolares e foi aprovado

em seu primeiro vestibular para Medicina, vindo a tornar-se médico no tempo

regulamentar de seis anos, em 1992, na inesquecível 44ª turma da

Universidade Federal do Maranhão. Aplicado acadêmico, Artur dedicou-se à

clínica e à pesquisa infecto parasitária e à clínica obstétrica, mas o retumbante

chamado da Clínica Cirúrgica, o encaminhou à residência Médica em Cirurgia

Geral no Hospital Universitário da UFMA, período em que exerceu salutar

liderança como chefe dos residentes da cirurgia. À arte imemorial da cirurgia, o

Dr. Artur conferiu o timbre de um claro e inequívoco selo pessoal, que se


alicerça nos pilares da perícia, da prudência e da diligência. O imediato

chamado de seus mestres, para que com eles exercesse seu ofício, é prova

inequívoca deste fato. Atuou como cirurgião em Vitória do Mearim e nos

principais serviços de urgência e emergência da capital: Hospital Clementino

Moura, Hospital Djalma Marques, Hospital Português e Hospital UDI. Ao longo

de sua vida laboral, foi aprovado em diversos concursos públicos: para a

CAEMA, MPE, Banco do Brasil, SEMUS, SEMAD, HMDM, UFMA (com técnico

e docente). O trabalho árduo não o distanciou da ciência e acrescentando a

persistência ao estudo continuado, carregando pedras como se fossem

plumas, o Dr. Artur especializou-se ainda em Medicina do Trabalho pela AMB,

concluiu MBA de Gestão em Saúde pela FGV, possui cursos de Qualificação

de Gestores pela FIOCRUZ, é Mestre em Saúde e Ambiente pela UFMA e

Doutor em Ciências da Saúde pela UERJ.

Na gestão, foi Coordenador Geral de Urgência e Emergência da SEMUS,

Diretor Geral do SAMU, Assessor da Secretaria Municipal de Saúde, Diretor

Geral do Hospital Clementino Moura, do Hospital Djalma Marques e do Hospital

da Mulher; foi Chefe de Divisão Médica do HUUFMA e Chefe da Unidade de

Clínica Cirúrgica do HUUFMA. Foi ainda presidente da Comissão de Ética

Médica e membro da Comissão de Ética em Pesquisa do HUUFMA. Teve

participação em algumas gestões do Sindicato dos Médicos do Maranhão.

Atualmente é o secretário da AMB em sua segunda gestão.

Na docência destacou-se como professor substituto e professor temporário de

Técnica Operatória e Cirurgia Experimental do curso de medicina da UFMA,

sendo posteriormente aprovado como professor efetivo, mas que declinou por

motivos contratuais. Destaca-se há décadas como preceptor do Programa de

Residência Médica em Cirurgia Geral do HUUFMA, foi professor do curso de

medicina do UNICEUMA por quase uma década e atualmente é professor do

curso de medicina da UNDB, tendo colaborado na construção de seu projeto

pedagógico, fazendo parte Núcleo Docente Estruturante daquela universidade.


Em toda sua dedicada e beligerante trajetória, não esquecido dos princípios

religiosos fundamentados no lar paterno, levo-os com fé renovada por toda sua

vida. Professando a fé católica, vem exercendo bela missão evangelizadora e

realizando projetos sociais na paróquia São Francisco de Assis, onde com sua


esposa, atua como agente da pastoral familiar, preparando casais para o

matrimônio e participando do Encontro de Casais com Cristo. Este

desprendimento de seu tempo em prol do serviço evangelizador, remete--nos

às palavras do próprio Francisco de Assis: “Toda a escuridão do mundo não

pode extinguir a luz de uma única vela”.


Portanto, senhoras e senhores, este é o novo acadêmico de quem vos falei e

vos apresentei, nesta venturosa noite de 24 de novembro de 2023.

Prezado Artur, não se concebe o ingresso nesta casa, sem a digna saudação

de nossa parte. Tão pouco sem o justo laurel aos que nos antecederam,

honrados ocupantes em tempos pretéritos, desta nossa esfera terrestre.

Ingressais hoje no seleto rol dos imortais e é justamente nisto que consiste

vosso maior compromisso: permanecer honrando nossa arte médica, esta

casa, vosso insigne patrono Salomão Fiquene e vosso antecessor na cadeira

que doravante ocupareis, o memorável confrade Abdon José Murad Neto. E

mais! Reforçareis nossas fileiras, pela manutenção dos princípios éticos da

medicina, compartilhando conosco o cálice da tradição que nos ensina a

conviver com os impasses da história e a resistir aos tormentos da

modernidade fátua.

Ao aspirar ser um dos nossos, fostes guiado pelo entendimento da significação

do nosso convívio. Sois nosso! Hoje esta casa vos recebe para sempre. E nós,

e os que nos sucederem, haveremos de guardar-vos, como os vossos

ancestrais guardavam os daguerreótipos familiares. Platão vaticina que “O que

faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.”

Portanto, ignoremos a vela enfunada da vaidade e sigamos juntos, como forte

vento a impulsionar esta casa que agora também é vossa.

Prezado confrade Artur Serra Neto, dileto amigo, sob a égide das emoções vos

desejo uma longa imortalidade. Sede bem-vindo à casa de Antônio Nilo!

Muito obrigada!


Acadêmica Márcia da Silva Sousa

Cadeira Nº 46

 
 
 

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