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Luís Alfredo Neto Guterres

Cadeira Nº 27

• LUÍS ALFREDO NETO GUTERRES • nasceu em Alcântara, no dia 04 de abril de 1880. Filho de Antô- nio Celestino Ferreira Gutenes e de Joaquina Netto Gutenes.

Estudou o curso primário em Alcântara e Pinheiro e o ginasial, em São Luís, no Ginásio Coqueiro e no Liceu Maranhense, de gloriosas tradições. Aprovado com distinção no vestibular da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (Praia Vermelha), concluiu o curso em 1905. Em 1902 já havia concluído o curso de Farmácia. Interno do renomado pediatra do Rio de Janeiro, Pro- fessor Barata Ribeiro, na Santa Casa de Misericórdia. estudou e pesquisou desde o terceiro ano, objeto de sua tese, raríssima na épnra - “F.srndn Chnir^Jrx- Q^cuas-<J«» Conformação Ano-Rectaes Congênitos e seu tratamento” .A tese que ofereceu ao Maranhão, é um primor de trabalho e de conhecimentos.

Regressando a São Luís dedicou-se à clinica e a exer- ceu com extraordinário devotamento e admirável des- prendimento para com os mais necessitados, a ponto de ser cognominado “O Médico dos Pobres” Casou-se, no dia 8 de dezembro de 1906, com D. Leo- nor Passos Netto Guterres, de cujo consórcio nasce- ram os filhos: Joaquina Rosa, Vicente de Paulo e Con- ceição de Maria. Ao lado da Farmácia São Vicente de Paulo (prédio sito à Rua Grande, nB 807, esquina com a Rua do Passeio) da qual era sócio - proprietário ins- talou o seu consultório, onde exerceu durante quase 30 anos, em sua plenitude, o sacerdócio de sua profis- são. Os carentes não pagavam e recebiam os remédios que eram retirados de sua farmácia. Exerceu vários cargos na vida publica: médico do 24a Batalhão de Ca- çadores, do Matadouro Municipal (onde evitou uma epidemia de carbúnculo), do pronto - socorro, da saú- de do Município e do Estado, onde trabalhou para de- belar as epidemias de varíola, peste bubônica e gripe espanhola, sem receber qualquer remuneração extra.

Magnífico clinico, cirurgião geral, pediatra, derma- tologista, ginecologista e obstetra, foi sem duvida, o iniciador da Medicina Social em nosso Estado e no Brasil, juntamente com Dr. Paterson, médico inglês radicado, em Salvador (BA), conforme afirma o Dr. Achilles Lisboa, no opúsculo “Pro Dignitate Medici- nae). Criador da Ia Escola de Enfermagem, de nossa capital, no Hospital Geral, a sua ultima iniciativa foi fundar a Maternidade na Ia enfermaria que veio se chamar Netto Guterres após sua morte.Netto Guterres, o bom e modesto mestre, lia e traduzia latim, Francês, Inglês e Alemão.

Faleceu no dia 20 de junho de 1934. A sua morte de- corrente de septicemia, uremia e encefalite, na pleni- tude de seus 54 anos, exigiram do Dr. NettoGuterres uma postura estóica pelos longos dias e intermináveis noites de sofrimento. Teve assistência de todos os co- legas, amigos e maranhenses em romaria. Nas fases de lucidez, recordava o “Lazareto do Gavião”, pouso de sua ultima iniciativa caridosa: o complicado par- tejar de uma leprosa, cujo estado de saúde inspira- va cuidados especiais (já desenganada pelos médicos daquele nosocômio), a quem Netto Guterres salvou após laboriosa cirurgia e também a criança, que foi enviada ao “Preventório Santo Antônio” ( hoje, Edu- candário Santo Antônio).

Seu enterro foi uma consagração. Chovia. A popula- ção se deslocou para a rua formando uma massa hu- mana, desde a Rua do Alecrim até o Cemitério Gavião, numa homenagem àquele de quem tantos benefícios recebera.

Luís Alfredo Neto Guterres
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