Carlos Gomes dos Reis Macieira

nasceu em São Luís, no ano de 1900. Fez os cursos Primário e Secundário na sua terranatal e seguiupara o Rio de Ja- neiro, onde ingressou na Faculdade de Medicina da Praia Vermelha. Lá conheceu e se tornouamigo de outro ícone da medicina no Maranhão, o pediatra Odorico Amaral de Matos. Graduou-se em 1924, fez residência médica no hospital Marcílio Dias, da Marinha do Brasil, e estágios na Maternidade das Laranjeiras e em serviços da Cruz Vermelha Brasileira. Retornou a São Luís, cuja popula- ção na época era de aproximadamente 50.000 habitantes, e montou consultório à Praça João Lisboa. Aquela praça era o centro nervoso da cidade.

A fama de bom profissional logo se alastrou e, pouco tempo depois, Carlos Macieira recebeu convite do Dr. Tarquínio Lopes Filho, então diretor do Hospital Geral, para se incorporar ao quadro de cirurgiões daquela casa de saúde. Foi rápida a sua consagração na especialidade. Voltou ao Rio de Janeiro em 1928 para casar-se e, de volta a São Luís, instalou-se em novo consultório, à Rua do Sol, ao lado do seu irmão, o urologista Guilherme Macieira.

A sua aura de diferenciada figura humana - e o admi- rável desempenho profissional - tornou-o personagem de destaque na sociedade, e então foi difícil resistir ao “micróbio” da política partidária. Após a Revolução de 1930, mais precisamente em 1931, Carlos Macieira rece- beu de Astolfo Serra, Interventor Federal no Maranhão, um convite para assumir a Prefeitura de São Luís. Acei- tou e assumiu o cargo de Prefeito, mas devido a intrigas, incompatíveis com a lisura do seu caráter, demitiu-se poucos meses depois. Retornou à sua faina de profissio- nal da medicina.

Em 1932, a convite do interventor Lourival Seroa da Mota (que substituiu Astolfo Serra), o Dr. Carlos Maciei- ra assumiu uma vaga no Conselho Consultivo do Estado do Maranhão e, em 1938, já na era do interventor Pau- lo Martins de Sousa Ramos, em pleno regime do Estado Novo (Getúlio Vargas), tornou-se chefe de clinica cirúr- gica do Hospital Geral.

Ainda em 1938, quando o interventor Paulo Ramos interveio no antigo Instituto de Proteção à Infância, transformando-o na Associação de Assistência e Pro- teção à Infância – AAPI, o primeiro presidente da nova entidade foi Tarquínio Lopes Filho, sucedido pouco tempo depois por Carlos Macieira. O Dr. Carlos Ma- cieira se tornou diretor do Hospital Geral em 1945, após a morte de Tarquínio Lopes Filho, e foi durante a sua gestão que o estabelecimento recebeu o nome que conserva até a presente data.

Outros cargos assumidos pelo Dr. Carlos Macieira foram: Diretor do Sanatório Getúlio Vargas; Diretor do Servi- ço de Assistência Médico-Social do Maranhão; Titular da Cadeira de Patologia e Terapêutica da Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Luís; Fundador e depois diretor da Escola de Enfermagem São Francisco de As- sis; Fundador, professor e depois diretor da Faculdade de Serviço Social do Maranhão; Fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Maranhão; Fundador da So- ciedade de Obstetrícia e Ginecologia do Maranhão (SO- GIMA), ao lado de Clementino Moura, Bacelar Portela e outros; Fundador e um dos primeiros catedráticos da Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão.

A história da vida profissional do nosso patrono tem servido de inspiração para muitas gerações de médicos maranhenses, e não são poucas as homenagens a ele prestadas. Uma das mais duradouras, sem dúvida, foi aquela que deu o seu nome ao antigo Hospital dos Servi- dores do Estado do Maranhão. Um dos momentos mais comoventes, porém, aconteceu por ocasião da solenida- de de inauguração do novo centro cirúrgico do Hospi- tal Tarquínio Lopes Filho, que também recebera o seu nome. No seu discurso, o velho amigo, professor Odori- co Amaral de Matos, assim se referiu ao homenageado:

“Admirável de simplicidade em sua técnica; perfeito em seu trabalho de rotina profissional; transmudava am- bientes à sua passagem; desanuviava semblantes; estan- cava lágrimas; gerava sorrisos, num sortilégio estranho e comovedor, pois todo ele irradiava da sua enfeitiçada personalidade entusiasmo, compreensão, carinho, soli- dariedade e sabedoria.”